Costumamos reclamar do ensino, e há muito que precisa ser mudado, mas pouco falamos do orgulho acadêmico. Ele existe e fica correndo sob a pele de quem ensina (sim, eu também tenho, pois ensino). Esse orgulho é natural ao ser humano e nos coloca numa falsa posição de arautos da verdade. Parece existir uma necessidade (será de auto-afirmação?) do mestre mostrar ao aluno que existe um abismo entre ele e o aluno que o aluno precisará se esforçar muito para transpor (oras, pensaria o mestre, se eu dei duro ele deve dar também!).
O problema é que falta no ensino aquilo que já é lugar comum nos negócios: o cliente reina. Se no passado a relação indústria/comércio com o cliente era unilateral -- chamamos a isso de relação "push", onde a indústria empurra o que quer que o cliente consuma -- hoje essa relação é "pull", ou seja, o cliente determina o que ele vai querer e a indústria/comércio se comportam como o gênio da lâmpada para atendê-lo.
No ensino é assim? Nem sempre. Ainda prevalece a doutrina do 'calaboca moleque, que você não entende disso'. O problema é que, com a democratização total da informação, o mestre perdeu poder. Ele já não tem a chave dos oráculos do saber, já que esta foi parar nas mãos do Google.com, a maior universidade do mundo. O aluno pergunta ao Google e o Google responde do jeito que o aluno quer ouvir. E o mestre?
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