Aquele trecho da praia é horrível – comentou o recém chegado amigo que caminhava ao meu lado. – Só tem pedras; é um problema caminhar por lá. – completou. Tinha razão. Passei pelas pedras para chegar ali. Tropecei, escorreguei, feri meus pés nos corais. A praia seria melhor sem elas. Ou não?
Escrevo da Costa do Sauípe, Bahia, onde falo sobre as melhores práticas na conquista e retenção de talentos para uma platéia de empresários de tecnologia da informação. Minha missão no Reseller Forum da IT Midia é ensinar como identificar e trazer à tona o talento potencial escondido nas pessoas.
Porém todos parecem preocupados demais com as pedras. Não as da praia, mas as que impedem o andar suave de seus negócios. Afiadas, escorregadias e assoladas pelas ondas de um mercado inconstante, são um perigo para quem já vive com a água dos impostos e juros altos batendo no queixo. Ou para quem vê o preço de seus produtos e serviços achatados como a plana areia na qual imprimo a marca de meus pés.
Antes de voltar, decidi fazer uma última caminhada pela praia, apesar do prenúncio de chuva. Sim, as pedras continuam lá, mas hoje não passei por elas com pressa. Parei para observá-las de perto. Ao invés de enxergá-las como problema, tentei descobrir alguma oportunidade. Foi o melhor da caminhada.
Descobri que em épocas remotas um vulcão deixara suas pegadas ali. Um espetáculo que ninguém viu foi preservado numa cápsula do tempo que agora se abria diante de meus olhos. Um monumento à competição ígnea entre lava, rochas e seixos que um dia disputaram aquele mercado, se amalgamando numa formação que só era bela e oportuna para olhares menos preocupados com o caminhar e mais atentos às oportunidades escondidas nas pedras das dificuldades.
Antes que nuvens escuras velassem o sol e escurecessem o mar, um imenso bloco de cristal branco piscou sua luz refletida por entre pálpebras de negra lava encimadas por cílios de corais. Rugas de seixos coloridos engastados na rocha eram testemunhas de séculos de ondas, imóveis e insensíveis aos pequenos caranguejos que sapateavam sobre sua pele pétrea e enrugada.
Enquanto as novas descobertas iam se revelando diante de meus olhos, percebi que aquele era o mais belo, rico e vibrante trecho inserido na monotonia da praia. Então outro problema surgiu: uma chuva intensa veio fustigar minha pele. Senti sua massagem vigorosa e refrescante como mais uma dificuldade que se transformava em oportunidade.
Sucumbi às recordações infantis de chuvas proibidas. A criança em mim chapinhou seus pés numa poça enquanto meu lado adulto vigiava para certificar-se de que ninguém nos observava. Um casal ao longe fugia da chuva que para eles era um problema. O mesmo problema que um dia foi visto como oportunidade pelo inventor do guarda-chuva, do limpador de pára-brisa ou da capa impermeável. Ou pelo poeta que cantou suas gotas e o artista que a imobilizou com seus pincéis.
Num movimento involuntário elevei meus olhos das pedras para o céu em busca do Artista. Um imenso arco-íris fazia a ponte entre terra e mar, envolvendo as nuvens sombrias numa aliança multicor. Eu nem precisava caminhar até seu fim para encontrar o pote de ouro. Estava bem ali onde antes só via problemas para os meus pés. Pedras escorregadias, afiadas e açoitadas pelas ondas do mar.
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Problemas ou oportunidades?
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Esta é a primeira vez que me comunico com você. Agradeço pelas mensagens do Evangelho em 3 minutos e algumas respostassuas que me trouxeram à luz da Palavra. Gostei também deste aqui.
ResponderExcluirAgradeço ao Senhor nosso Deus por suas palavras.