No século dezenove era possível conseguir bons empregos sabendo ler e escrever. No vinte, você precisava aprender datilografia na Escola Remington, se quisesse um emprego decente. Neste século vinte e um o patamar mínimo é um curso superior. Já tem? Bem, continue estudando. Ainda faltam mais de nove décadas para terminar o século.
Não há como deixar de estudar e mesmo que você se forme, nunca pode se considerar formado. Você deve continuar vivendo em modo de aprendizado contínuo e reciclagem permanente, porque um diploma de curso superior é condição necessária, mas não suficiente, para se atuar no mercado.
Pós-graduação, mestrado, doutorado, especialização disso e daquilo -- hoje é preciso ganhar bem para pagar os cursos que permitirão a você... ganhar bem!
Mas o que acontece quando chegamos ao ponto em que todos têm os mesmos cursos que todos têm? A competição vai para a raia da competência. Aí chega a hora de não apenas ter, mas também de colocar em prática aquilo que você tem. Acabou? Não. Você precisa fazer com que as pessoas saibam que você tem a teoria e a prática. Quantas escolas ensinam isso?
Uma das coisas que meus alunos mais agradecem é o que ensino nas primeiras aulas: marketing pessoal, postura profissional, relacionamento, uso da Web e coisas assim. Ensino o que aprendi fora da escola, coisas que permitem que eu trabalhe de um modo como jamais poderia ter trabalhado no passado.
Embora eu possua também uma formação formal (nossa, que horrível dizer “formação formal”) o diferencial eu busco na informal, em minha senda solitária de cavaleiro autodidata. Espere aí! Não cancele sua matrícula naquele curso de especialização só porque eu disse isso. É preciso primeiro saber se você tem o perfil de um autodidata, de alguém que adora ler, gosta de desmontar, de perguntar e enche a boca de saliva quando precisa pesquisar.
O autodidata é movido por algo mais do que apenas uma realização profissional. Ele é movido pelo amor das novas descobertas, pela emoção do saber e pela paixão, não de ser reconhecido como quem sabe, mas de ajudar alguém com o que aprendeu. Não é do destino que ele desfruta, mas da viagem.
Uma forma de você atuar no mercado é colocando em prática aquilo que aprende na escola. Isso é como comer croquete feito com picadinho do filé que alguém inventou tempos atrás. O que sobrou dele foi picado e moído pelo escrutínio acadêmico para ser servido em sala de aula.
Outra forma de atuar é criando a vaca dos ovos de ouro ou a galinha leiteira. Não errei não; é assim mesmo, de um jeito novo, dum modo que ninguém fez. Os que fazem assim são os líderes, inventores e inovadores. Os outros, meros seguidores.
Portanto, ainda que você esteja de canudo até o teto de sua caixa craniana, não se engane: boa parte do que hoje é ensinado nas faculdades em termos de administração, marketing e gestão são coisas que foram colocadas em prática no mercado antes de serem praticadas nas faculdades.
Um "estudo de caso" nada mais é do que inovação de ontem, transformada na prática de hoje e apresentada na forma de teoria nas aulas de amanhã. Pode procurar na próxima edição de seu livro acadêmico que vai estar lá. Quando você colocá-la em prática, estará competindo com alguém que está criando o próximo “caso de estudo”. Aí a guerra de canudos é vencida pelo talento, criatividade e inovação, matérias que não se aprende na escola.
Por isso, uma vez garantidos os canudos, parta em busca do filé. Meu pai que, quando jovem, morou em pensão econômica, costumava dizer que, quando serviam filé, ele jamais deixava o filé voltar. Ele sabia que, na pensão, o filé de ontem é o picadinho de hoje, que será o croquete de amanhã.
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