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Café com o presidente e comigo

Ontem muita gente que não era nada acordou jornalista, inclusive eu. Bem, a verdade é que nos últimos anos já fui jornalista, ora sim, ora não, por ser detentor de um registro de jornalista a título precário no MTB. Tudo começou quando me preocupei com as colunas que escrevia para jornais e revistas sem ser jornalista formado, mas arquiteto e urbanista.

Uma consulta feita por uma amiga a um sindicato de jornalistas retornou assim:

"Você só poderia estar legalmente escrevendo sobre arquitetura ou assuntos relacionados com a sua área de conhecimento... Portanto, você não poderia estar escrevendo em nenhum veículo de comunicação. Assim, recomenda-se o curso de Jornalismo, ou seja, a graduação em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo, para futuramente requerer o seu registro no MTB." Minha amiga ainda perguntou se isso incluía a Internet e a advogada respondeu que sim.

Por isso quando em 2001 uma liminar suspendeu a exigência de diploma, corri entrar com um pedido de registro no MTB, anexando recortes de minhas colunas em jornais e revistas. Preocupava-me a possibilidade de algum sindicato decidir me amordaçar. Afinal de contas, se os concursos públicos utilizam meus textos na seleção de profissionais de diferentes profissões, não é só minha mãe que achava que eu levava jeito para a coisa.

O Google me ajudou a descobrir que meus textos já caíram em concursos para engenheiros, professores, enfermeiros e até médicos psiquiatras. Não me pergunte o que pediam as questões. Nem procurei saber, com medo de não conseguir respondê-las ou descobrir algo como "Encontre os erros no texto de Mario Persona".

Mas a partir de hoje já posso dizer que sou jornalista, pois se o Supremo Tribunal Federal diz que sou, acabou aquela história de ser ou não ser, e ninguém vai contestar a questão. É claro que o anúncio do Planalto feito na véspera, de que o presidente Lula escreverá uma coluna para os jornais a partir de julho, foi apenas coincidência. Agora eu e o presidente, que já atuava como radialista, somos colegas de profissão. Penso até em convidá-lo para uma parceria. Não se espante se o "Mario Persona Café" virar "Café com o presidente e comigo".

Teve jornalista que saiu da pauta com o presidente do Supremo Tribunal Federal, por este ter comparado jornalistas a chefes de cozinha. Eu jamais me intrometeria nessa discussão, mas já que sou jornalista sinto-me no dever de fazê-lo em defesa dos interesses da classe.

Quer saber? Também não gostei de ser comparado a um chefe de cozinha, porque chefe de cozinha pode ser qualquer um que manda o empregado da pastelaria fritar pastéis. Nada contra os pastéis.

Mas eu acho que o presidente do STF quis dizer "chef", em francês, um artista do sabor, desses que vejo na TV preparando pratos cinematográficos enquanto como meu miojo. Aí sim, adorei. Um chef e um jornalista têm muitas coisas em comum que não são aprendidas na escola, mas dependem de talento.

Ambos têm senso artístico para esculpir pratos e textos saborosos. Se o chef é capaz de discernir temperos apenas com o paladar, o cérebro do jornalista é dotado de papilas gustativas que discernem a informação. Os dois são capazes de depurar o que há de melhor na matéria bruta de cada profissão e servir apenas o que importa. A isto se dá o nome de poder de síntese. O jornalista está mais para chef, artista ou músico, do que para engenheiro, físico ou advogado.

- E a ética?! - gritará alguém. Você já viu diploma transformar picareta em caneta? Ética e responsabilidade têm mais a ver com berço do que com terço, portanto decorar Sócrates, Aristóteles e Platão não irá adiantar. De criatividade, então, nem preciso falar. O ensino cartesiano é um grande lobotomizador de hemisférios direitos.

Quem faz faculdade ou deu duro para terminá-la está agora chorando num canto da fila do emprego ou da Caixa Econômica Federal, onde fez um empréstimo para pagar o curso. Sei o que é isso, pois um dia também vi meu diploma virar fumaça, não por uma decisão do STF, mas pelas circunstâncias do mercado de trabalho. Quer saber? Hoje estou bem melhor trabalhando como consultor, palestrante e escritor.

Mas isto não significa que não possa mudar de profissão. Com a decisão do Supremo Tribunal Federal e as declarações de seus ministros fiquei muito animado a tentar uma nova e lucrativa carreira. Vou abrir um restaurante.

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Arte de Escrever Bem: um Guia para Jornalistas e Profissionais do Texto - DAD SQUARISI & ARLETE SALVADOR
Escrever é fundamental. Afinal, quem, nos dias de hoje, não precisa mandar mensagens pelo correio eletrônico, escrever relatórios, fazer vestibular, ou produzir uma matéria jornalística? Este livro, inicialmente destinado a jornalistas e profissionais do texto, é o mais claro e bem humorado que qualquer um que precise escrever bem pode obter. Donas de texto impecável, agradável e atual, Dad Squarisi e Arlete Salvador mostram como é possível redigir de modo adequado e despretensioso.
Editora: Contexto
Autor: DAD SQUARISI & ARLETE SALVADOR
ISBN: 8572442790
Origem: Nacional
Ano: 2004
Edição: 1
Número de páginas: 112
Acabamento: Brochura
Formato: Médio


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E a gorjeta, doutor?

Quem quer ser bilionário?

Bill Gates deu um conselho: doe seu dinheiro. Achei o conselho ótimo, apesar de não me enquadrar nem entre os que devem doar, nem entre os que devem receber. Na verdade é um conselho de bilionário para bilionário, nada a ver comigo.

Não que eu não pudesse ser um, até poderia. Afinal, eu e o Bill nascemos no mesmo ano de 1955, eu em fevereiro e ele em outubro, o que me dá uma vantagem de oito meses sobre ele. Só não estou bilionário porque isso não fazia parte de meu plano de carreira.

A verdade é que nunca quis ser bilionário e nem milionário. Centenário? Também não, eu me sentiria velho. Ser bilionário traria mais problemas do que soluções. Primeiro, eu nunca saberia quando parar de ganhar, e não acredito que algum bilionário saiba. Quando perguntaram a John D. Rockefeller quanto dinheiro era suficiente, ele respondeu: "Só mais um pouquinho".

Quem tem muito dinheiro precisa também aprender novos parâmetros. Quando meus filhos eram pequenos e pediam algum brinquedo, eu convertia o preço em revistas Veja para eles terem uma noção do valor. Hoje, já crescidos, a coisa virou piada e não raro eles brincam comigo: "Por que não compra essa camisa, pai? São só 10 Vejas". Caso eles estejam lendo, aqui vai: um bilionário pode comprar 112.359.550 revistas Veja.

Embora admire Bill Gates, eu não queria estar na pele dele, e isso não é por causa das sardas. O fato é que jamais serei como ele, o homem mais rico do mundo e dono da Microsoft, isso eu garanto. Se eu fosse ele, como iria explicar que desisti de usar o Windows Vista e voltei ao velho e bom Windows XP? Ou que escrevo esta crônica no BR-Office, porque meu Microsoft Word ainda não aprendeu a nova ortografia? Seria constrangedor.

Porém, o fato de eu ter decidido não ser bilionário não me impede de fazer doações. Por isso estou doando dois de meus livros esgotados, "Marketing de Gente" e "Marketing Tutti-Frutti", que agora podem ser baixados grátis em formato digital ou e-book. Se preferir ler em formato impresso, vai pagar pelo custo da produção sob demanda, no www.clubedeautores.com.br, www.lulu.com e em breve também em www.amazon.com.

Bilionários atraem a inveja das pessoas e até ameaças. Sabia que já fizeram dois filmes chamados "Kill Bill"? Outro problema que os bilionários têm, e eu não, é precisar fugir dos paparazzi, pedidos de doações e vendedores de rifa de Ferrari. Divulgar o telefone ou dizer onde moram, então, nem pensar!

Sir Paul McCartney, outro bilionário, ficou fulo quando soube que sua casa podia ser vista no Street View do Google Earth e Google Maps. Seus advogados exigiram que a Google tirasse a casa de lá. Paul mora em Londres e eu moro em Limeira, interior de São Paulo. Se eu exigir isso vão rir de mim.

Mesmo que eu decidisse falar com a Google, antes precisaria ter a permissão dos outros condôminos, pois moro em um prédio de apartamentos. Se você já participou de uma reunião de condomínio sabe que há mais chances do Bin Laden se casar com Tzipi Livni, a ministra das relações exteriores de Israel, do que os condôminos chegarem a um consenso.

Já posso até ver algum vizinho alegando que se o Google tirar o prédio do mapa seus amigos não encontrarão o caminho para visitá-lo. Outro, que usa GPS, vai achar que o mapa é o mesmo e aí nunca mais vai conseguir voltar para casa. É claro que terá também alguém dizendo que fazer o prédio sumir do mapa só vai deixar o meu endereço mais fácil de ser encontrado. Qualquer um que pedir informações vai receber a dica:

- O endereço do Mario Persona? Fácil! Entre no Google Maps, digite 'Limeira' e procure o prédio que está faltando.
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Nós Queremos que Você Fique Rico: Dois Bilionários: uma Só Mensagem - Donald Trump e Robert T. Kiyosaki
Este não é um livro de auto-ajuda financeira. Trump e Kiyosaki não dirão em que você deve investir, mas contarão o que pensam a respeito do dinheiro, dos negócios e dos investimentos. Segundo eles, uma das definições de liderança financeira é visão. Este livro fala exatamente sobre essa visão, observando o que a maioria das pessoas não consegue através dos olhos de dois vencedores (e por vezes perdedores também) no jogo do dinheiro. Nós Queremos que Você Fique Rico é um livro extraordinário, que, com um texto leve, trará novos insights sobre como melhorar seu futuro financeiro e tornar-se rico. É uma leitura esclarecedora.
Editora: Campus
Autor: DONALD TRUMP & ROBERT T. KIYOSAKI
ISBN: 9788535223729
Origem: Nacional
Ano: 2007
Edição: 1
Número de páginas: 328
Acabamento: Brochura
Formato: Médio



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E a gorjeta, doutor?

Com a língua nos dentes

O êxodo de profissionais que saem do Brasil para viver e trabalhar no exterior não é coisa nova. Começou no regime militar, mas naquele tempo eles eram exilados ou deportados. Hoje são expatriados. 
Ser expatriado é dar um passo no ar, pois não basta conhecer o idioma, as leis e o modo de vida do país destino. Há nuances culturais que podem se transformar em verdadeiras pedras no sapato, expressão que só fará sentido se a população do país não andar descalça ou de chinelos.

Veja, por exemplo, o politicamente incorreto. Passar a mão na cabeça de uma criança na Tailândia é ofensivo, e a menos que você tenha sido fechado no trânsito, nunca faça sinal de positivo com o polegar para cima na Austrália. Na China, não entre sambando se o salão estiver cheio de flores e pessoas vestidas de branco. Não é baile do Havaí. Branco é a cor do luto e deve haver um cadáver ali em algum lugar.

Não são apenas os brasileiros que sofrem no exterior. Um suíço que venha morar no Brasil vai encontrar a anfitriã de roupão e bobs no cabelo, se chegar para o jantar das 19:00 horas exatamente às 19:00 horas. E se participar de uma reunião de trabalho, vai perceber que reunião aqui começa quando todos chegam, e não na hora marcada. E termina quando todos saem.

Isso porque o tempo também possui significados diferentes em diferentes culturas. Os ditados populares deixam isso bem claro. Nos EUA “tempo é dinheiro”, na Espanha “aqueles que correm chegam primeiro à sepultura”, e na Etiópia “se você esperar tempo suficiente, até um ovo é capaz de andar”.

O hábito de dar presentes também difere de um país para outro. No Japão, é melhor não abrir o presente na frente de quem o deu, e nem esperar que o outro abra o que recebeu. Se receber um cartão de visitas no Japão, faça-o com ambas as mãos e fique segurando enquanto o seu interlocutor estiver ali. A regra não se aplica se você estiver dirigindo.

É provável que a maior dificuldade esteja no significado das palavras, algo que ocorre até nas diferentes regiões do Brasil. No interior de São Paulo dizemos que o vidro de um carro está “dando ar”, mas não tem nada a ver com o quebra-vento, e sim com o reflexo do sol que incomoda. Na minha região, qualquer balconista de loja de material elétrico lhe dará um plugue em formato de “T” se você pedir um “benjamim”. Em outras regiões é capaz de sair da loja acompanhado de um rapaz.

Se você for trabalhar em Portugal, é bom atualizar seu vocabulário, ou não vai entender quando ligar para alguém e ouvir: “Estou!”. Se a ligação vier abaixo, não é nenhuma calamidade, e se precisar ir à casa de banho não se esqueça de carregar o autoclismo. Você pode tomar um eléctrico, mas se decidir caminhar é melhor ter um penso no calcanhar. Só não pare na passadeira para ajeitar as peúgas, ou será mais um peão assustado com o travão do camião. Se sobreviver, coma uma sandes com um refrigerante fresco, mas antes peça à rapariga da lanchonete para tirar a cápsula.

Percebeu a dificuldade? Traduções também podem se transformar em armadilhas, principalmente quando palavras de idiomas diferentes forem parecidas. Quando jovem, mudei de casa e cidade tantas vezes que essa minha tendência nômade foi motivo de um comentário feito por um amigo suíço que deixou meu pai indignado. Usando o inglês para fazer a ponte para seu péssimo portunhol, meu amigo simplesmente traduziu do seu jeito a palavra “vagabond” e lascou:

- Seu filho é um vagabundo!
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Expatriação de Executivos - Isabella F. Gouveia De Vasconcelos
O livro Expatriação de Executivos apresenta a pesquisa em expatriação através de grandes correntes de pesquisa. A primeira trata de estratégia empresarial, mostrando como a expatriação pode ser um instrumento para desenvolvimento de competências fundamentais do grupo organizacional. A segunda corrente crítica, associada ao estudo do poder, mostra que os expatriados que melhor sabem negociar e reconstruir suas inserções políticas no país de destino têm sucesso na expatriação. A terceira corrente é ligada a estudos sociológicos e culturais dando ênfase a adaptação do expatriado à cultura do país de destino. Por fim, a quarta corrente trata do modelo transformacional de gestão de pessoas e fala dos processos afetivos ligados à expatriação, associando a pesquisa à análise em psicodinâmica organizacional.
Editora: Cengage Learning
Autor: LENI HIDALGO NUNES & ISABELLA F. GOUVEIA DE VASCONCELOS & JACQUES JAUSSAUD
ISBN: 9788522106103
Origem: Nacional
Ano: 2008
Edição: 1
Número de páginas: 134
Acabamento: Brochura
Formato: Médio




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E a gorjeta, doutor?

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