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Meio estilo

Antes de querer ser palestrante eu quis ser escritor. Apesar de escrever desde que aprendi a escrever -- e ter um poema em inglês publicado aos 17 anos de idade -- foi na década de 1990 que encontrei meu estilo. Bem, chamar de "meu estilo" é muita pretensão, porque "meu estilo" eu copiei de alguém muito melhor do que eu. De quem? De um que dizia: "Você só consegue explicar aquilo que entendeu".

Eu sempre fui um leitor contumaz e fã do estilo crônica. O jornal que meu pai assinava podia trazer estampada a manchete do fim do mundo que eu não estava nem aí. Eu ia direto para a página dos cronistas. Embora costumasse ler muitos autores, nenhum me inspirou tanto quanto aquele que, ao comentar a expansão desenfreada do crédito, foi curto e grosso:

"Quem não deve não tem".

Foi em 1998 que precisei falar e escrever pra valer. Na época era diretor de comunicação e marketing de uma empresa de tecnologia da informação que prestava serviços via Internet, e se eu quisesse escrever sobre algo novel assim precisaria encontrar um referencial. Encontrei alguém que tinha um estilo tão econômico e direto quanto os novos tempos anunciados pela nova mídia, e ainda com a capacidade de prever o futuro. Mais tarde, em 2011, ele previu:

"O PT é, de fato, um partido interessante. Começou com presos políticos e vai terminar com políticos presos".

Como o mercado de sistemas de supply chain management via Web no qual eu atuava era novo, antes de explicar o serviço era preciso traduzir o meio para os não iniciados, isto é, a Internet. Aquele com quem aprendi tinha o estilo ideal: uma linguagem informal, com frases curtas e parágrafos breves, quase uma conversa fiada. "No futuro as empresas serão pontocom ou ponto morto", dizia ele, e traduzia com tamanha economia a situação econômica que chegava a ser cômico. Anos mais tarde ele comentaria com estas palavras o disparate entre os impostos de medicamentos para humanos e animais:

"Se você entrar na farmácia tossindo, paga 34% de imposto; se entrar latindo, paga só 14%".

Sim, você já deve ter percebido que as frases são de Joelmir Beting. Em março de 2006, quando lancei meu canal no Youtube, a TV Barbante, escrevi: "O Joelmir Betting com seus comentários enxutos, inteligentes e bem-humorados, foi a minha inspiração quando comecei a escrever minhas crônicas". Afinal, quem poderia ser mais criativo no uso das novas tecnologias como o Joelmir, flagrado na abertura do Jornal da Band usando o iPad como espelho para se pentear?


Portanto, foi do Joelmir Beting que emprestei meu estilo de cronista, primeiro para escrever sobre temas ligados à Internet e mais tarde para falar de marketing, vendas, comunicação, carreira etc. Joelmir era capaz de traduzir, com inigualável economia de palavras, conceitos econômicos complexos sem inflacionar a mensagem. Um estilo que continuo tentando imitar.

Se consegui? É claro que não. Basta ver com quantas palavras estou tentando escrever uma simples homenagem ao profissional que foi meu referencial e de quem acabo de ler a última notícia: "Joelmir Beting morreu". Mas vou insistir e tentar escrever uma homenagem breve e cheia de significado:


"Obrigado, Joelmir".

Ok, reconheço que não ficou tão bom quanto ele mesmo teria feito. Nem parecido ficou. Se ele estivesse lendo isto talvez usasse da humildade que lhe era característica e construísse uma frase parecida com a que lhe é atribuída para comentar a falácia das estatísticas:

"Se eu como um frango e você come nenhum, ambos comemos, em média, meio frango cada um".

Então ele provavelmente teria dito: "Se eu tenho estilo e o Mario Persona tem nenhum, então eu e ele temos, em média, meio estilo cada um".

Mario Persona é palestrante de comunicação, marketing e desenvolvimento profissional. Seus serviços, livros, textos e entrevistas podem ser encontrados em www.mariopersona.com.br

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4 comentários:

  1. Amado Mario, que bom ler esse seu artigo.
    Eu também passei por uma fase assim, rsss me formei em fisioterapia, mas meu desejo sempre foi geriatria, passei por várias áreas e finalizei com auditora hospitalar e gestao hosp, ultimamente estou encarando cardiologia, quem sabe até eu chegar nos meus 50 anos eu me encontre, rsss
    Ao profissional Joelmir, vamos com certeza sentir falta dele, nunca o vi como âncora ou jornais de ponta, mas a sua qualidade em expressar com segurança o que pronunciava, com certeza não teremos outro na telinha.
    Deixo um abraço fraternal e uma quinta-feira harmoniosa para e sua familia.
    Bj
    Nicinha

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  2. Pois eu gosto muito do seu estilo, Mario Persona!
    Continue nos presenteando com mais e mais(e eu acompanho os 3 minutos também)!
    Que o SENHOR continue contigo!
    abraço

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  3. Como bem sabemos todos temos alguém ou alguns como referências, boas e más, verdade, até com as más referências podemos aprender o que não deve ser feito e como não deve ser feito, mesmo assim há quem não consiga aprender mas... Bem...
    Estou me formando em marketing e com certeza sua iniciativa através dos livros e da internet tiveram sua participação motivadora e conceitual.
    E como ouvi numa palestra de MARKETING com outro alguém que dizia:" NOSSAS ATITUDES SÃO RESULTADOS DE NOSSOS SENTIMENTOS, QUE SÃO RESULTADOS DE NOSSOS PENSAMENTOS, QUE SÃO RESULTADOS, DO QUE VEMOS, OUVIMOS E LEMOS, PORTANTO, NÃO DEIXE QUE JOGUEM LIXO NA SUA MENTE".

    SAUDADES DOS GRANDES HOMENS E MULHERES QUE JOGARAM MARAVILHAS EM NOSSAS MENTES !

    Um excelente 2013 para você, sua família e para todos nós!

    Que Deus continue nos abençoando sempre, aliás, que possamos na maioria das vezes e/ou de preferência sempre, estar abertos às suas bênçãos !!!

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