Meu filho,
Você acaba de decolar de seu pequeno planeta acadêmico para uma viagem através do imenso universo profissional. Da atmosfera previsível do ensino formal, você parte agora para uma odisseia de descobertas nas galáxias do aprendizado informal. Sua formatura foi a plataforma de lançamento, o ingresso em uma nova carreira, mais dinâmica, mais veloz. Seu diploma é apenas o zero de sua contagem regressiva. Se olhar pela escotilha, verá que há outros — muitos, gente demais! — viajando ao seu lado. É melhor acelerar.
Profissionalmente você acaba de nascer, mas nunca terminará de crescer. E não apenas de crescer, mas também de mudar. Enxergue sua carreira como um profissional de marketing enxergaria uma empresa ou produto. De tempos em tempos será preciso rever sua estratégia para não ficar obsoleto e perder mercado. Ao sair da faculdade, irá descobrir caminhos que antes nem imaginava trilhar. Serão melhores? Sim, se você estiver disposto a sempre aprender novas maneiras de caminhar. Ou nadar, escalar, correr ou mesmo voar, conforme o terreno e as circunstâncias exigirem.
Comigo foi assim, você sabe. O diploma da faculdade de arquitetura e urbanismo, cursada à base do arroz integral e do banchá de uma postura ecológica alternativa, foi parar na gaveta enquanto eu executava planos movidos a ideais. Foram três anos no interior de Goiás, lecionando numa escola que me ensinou muitas coisas que eu precisava aprender. Só depois eu voltei a ser o arquiteto da formação, o que também não durou muito. As circunstâncias exigiram que eu me transformasse em camaleão.
Virei vendedor, profissão que todo profissional deveria se orgulhar de ter. Por que será que há faculdades que não ensinam vender? Depois fui comprador, negociador e editor. Enquanto você crescia fisicamente, eu crescia profissionalmente, até chegar à atual configuração de escritor, palestrante, professor e consultor. Tornei-me multitarefa, como você deverá ser se quiser sobreviver num mundo de profissões descartáveis.
Agora você tem muitos desafios pela frente. O conselho que lhe dou, como pai e como amigo, é que seja um porquinho na forma de pensar. Estou falando daquele porquinho do antigo comercial de um frigorífico na TV. Quando lhe perguntavam, "o que você quer ser quando crescer?", o porquinho respondia alegremente: "Salsicha!"
Parecia um absurdo responder com tamanha motivação, já que aquilo significaria seu sacrifício. Ele precisava morrer para aquela vida de porco antes de se transformar em algo útil. Sei que você já captou a mensagem. Se não estiver disposto a se sacrificar, jamais será alguém útil, para si, para o próximo ou para Deus. É preciso estar disposto a sacrificar continuamente o que você é, o que sabe e o que faz, antes que consiga transformar seu ser, seu saber e seu fazer em algo de valor. Mesmo porque, tudo o que você é, sabe e faz não são coisas estáticas, mas dinâmicas, que estão sempre mudando.
Se começar a se orgulhar demais do que é, sabe e faz, é provável que não queira mudar. Aí você estará destinado a engrossar as fileiras do bloco-dos-já-fui. Sabe como é, gente que vive se gabando, "já fui isso, já fui aquilo" e hoje não é nada.
Mas espere! Não leve o exemplo do porquinho ao pé da letra. Não permita que a vida e as circunstâncias o transformem numa salsicha qualquer. Salsichas são todas iguais, têm todas elas o mesmo gosto e vivem amarradas umas às outras por aquele barbantinho. Não seja assim.
Não se deixe amarrar por compromissos que comprometam seus valores, suas crenças e seus ideais. Jamais permita que negociem seu caráter, ou levará uma vida de cachorro-quente. Seja diferente, mantenha seus princípios, custe o que custar. Ouse viver assim, se quiser deixar um exemplo. Lembre-se de que reputação é algo que você leva uma vida para ganhar e alguns minutos para perder. Ou segundos, na era da informação.
Nunca perca seu lado infantil. Continue sendo a criança que existe em você. A criança que sonha, que acredita, que vê um futuro brilhante pela frente. Seja assim, mesmo naqueles momentos quando se sentir pequeno diante dos desafios. Por esta razão, além da disposição para o sacrifício, quero que se lembre mais uma vez do diálogo do porquinho do comercial da TV: "O que você quer ser quando crescer? Salsicha!" Percebeu? Bem-humorado, ele acreditava que iria crescer. Você também.
Com amor, seu pai.
Extraído do livro "Marketing de Gente", de Mario Persona. Para baixar ou adquirir siga os links:
https://clubedeautores.com.br/book/1630--Marketing_de_Gente
Disponível também em:
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